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sábado, 25 de fevereiro de 2012

Causar dano emocional ao parceiro é crime; vítimas demoram a reagir.

14/02/2012-08h06

Causar dano emocional ao parceiro é crime; vítimas demoram a reagir


IARA BIDERMANDE SÃO PAULO
FILIPE OLIVEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Flagrante, não há. Marcas roxas tampouco estão lá para provar a agressão.
"Psicológica" é o adjetivo usado para tentar definir uma forma de violência silenciosa --por mais que o silêncio seja feito de palavras, acusações, cobranças. Ou gestos, olhares, sarcasmo, piadas.
A complexidade da violência psicológica não impede que esse crime tenha uma definição legal. Está no artigo 7 da Lei Maria da Penha, que descreve muito bem constrangimentos, ridicularização e perseguição, entre outras ações causadoras de danos emocionais.
"É difícil explicar aos outros onde está a sua dor", diz o psiquiatra e psicanalista Jorge Forbes.
A agressão psicológica é um crime invisível que paralisa casais durante anos e pode desaguar na violência física
A agressão psicológica é um crime invisível que paralisa casais durante anos e pode desaguar na violência física
É difícil perceber quando, no relacionamento, o jogo do amor vira o da dominação. O pano de fundo é a vontade de anular o outro, torná-lo refém dos próprios desejos.
"Quando um tem um limiar para tolerar frustração muito baixo e o outro, muito alto, a violência se perpetua", diz a psicóloga Margareth dos Reis, do Ambulatório de Medicina Sexual da Faculdade de Medicina do ABC.
A comerciante Mônica, 49, trabalha atendendo clientes do marido, mas sem salário.
Ele já escondeu a chave do carro da mulher, para ela não sair sem avisar. Um dia, quando Mônica fazia ginástica, xingou-a na frente de todos.
Mas ela não sabe o que vai fazer. "Temos 30 anos de casados, penso que tenho uma família. Por minhas filhas, já devia ter me separado."
Para complicar, o jogo é de mão dupla: quem sofre a violência se nutre dela e a transforma no cimento da relação.
Parece um jeito de culpar a vítima e desculpar o agressor. Mas não é novidade, para quem estuda a coisa.
"É a dinâmica sadomasoquista, um pacto inconsciente: um provoca, outro agride, o que deve dar algum prazer", diz a psicanalista Belinda Mandelbaum, do Laboratório de Estudos da Família do Instituto de Psicologia da USP.
Além de manifestar um aspecto da sexualidade, a violência psicológica é uma forma de comunicação. "Associamos essa forma de agressão a todas as ações que causam dano ao outro pela linguagem", diz a psicóloga Adelma Pimentel, autora de "Violência Psicológica nas Relações Conjugais" (Summus, 152 págs, R$ 36,90).
A perversidade do jogo é que, no relacionamento íntimo, um sabe os pontos fracos do outro, aqueles que ninguém quer tornar público.
O marido de Mônica repete que ela é uma mãe relapsa. "Para me agredir. Mas é difícil perceber a violência psicológica. Você aceita, alguém manda em você."
"Você constrange a pessoa usando os demônios dela. E ela faz o que você quer, por gostar de você", diz Forbes.
Foi assim no primeiro casamento da inspetora de alunos Lúcia, 48. "Eu tinha 19 anos e me casei com o homem pelo qual estava apaixonada. Ele me desvalorizava porque eu era pobre, negra, e eu achava que ele tinha razão."
Destruir a autoestima do outro é a estratégia e a consequência da agressão oculta.
Lúcia achava que o ex-marido era lindo. "Ele dizia que eu tinha que agradecer por transar com ele. E eu nem sabia o que era orgasmo!"
O morde-e-assopra sustentava o jogo do ex. "Se eu chorava, ele me abraçava e dizia: 'Gosto de você como você é'."
"Os efeitos na pessoa agredida vão dos distúrbios alimentares à depressão, chegando à tentativa de suicídio", diz a psicóloga Marina Vasconcellos, da Federação Brasileira de Psicodrama.
A vítima dessa forma de violência quase nunca quer mostrar a cara, porque denunciar a agressão é também expor as próprias fraquezas, Afinal, ela se submeteu, aceitou um arranjo ruim com medo de romper e ficar sem aquele amor.
HOMEM TAMBÉM É VÍTIMA, MAS NÃO ASSUME
A Lei Maria da Penha, que no seu artigo 7 define o crime da violência psicológica, só vale para as vítimas mulheres. Os homens ficam num limbo legal, e não porque estejam menos sujeitos às agressões das parceiras. Com o aumento de mulheres ganhando mais que os maridos e sendo "chefes" da casa, o jogo pesado da dominação emocional tem afetado cada vez mais os homens.
Mas é mais difícil para o homem assumir que sofre violência psicológica. "Não é de nossa cultura ele se queixar. Se for reclamar em uma delegacia, terá sua imagem mais uma vez danificada", diz a psicóloga e advogada Lidia Gallindo, da Vara de Família do Fórum da Penha, SP.
Levantamento do Ministério da Saúde feito em 2008 e 2009 mostra que 20,8% das notificações de violência doméstica sofridas por homens são do tipo psicológico. O mesmo levantamento mostra que a agressão psicológica sofrida por mulheres é motivo de 49,5% das notificações, quase se igualando ao índice da violência física, 52%.
Editoria de Arte/Folhapress

Proposta de descriminalização quer liberar aborto a mulher sem 'condição psicológica'.

A comissão de reforma do Código Penal do Senado apresentou em audiência pública proposta que descriminaliza o aborto realizado até a 12ª semana de gravidez quando, a partir de um pedido da gestante, o "médico constatar que a mulher não apresenta condições psicológicas de arcar com a maternidade".
A informação é de reportagem de Flávio Ferreira publicada na Folha deste sábado (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
A proposta também prevê que o aborto de anencéfalos não será considerado crime --a questão está sob julgamento do Supremo Tribunal Federal.
Atualmente, o Código Penal só não considera crimes os abortos feitos para salvar a vida da gestante e quando a gravidez resulta de estupro.
O anteprojeto apresentando ontem ainda promove a descriminalização da eutanásia nos casos em que houver desligamento de aparelhos que mantenham a vida de um paciente com doença grave e irreversível atestada por dois médicos, com consentimento do paciente ou da família.
Editoria de Arte/Folhapress

Somente união heterossexual é digna para procriar, diz papa.

25/02/2012-10h23

Somente união heterossexual é digna para procriar, diz papa

DA EFE, NA CIDADE DO VATICANO

O papa Bento 16 disse neste sábado que o casamento entre um homem e uma mulher é o único "lugar digno" para dar à luz a um novo ser humano, uma procriação que, segundo ele, representa a expressão da união biológica e espiritual dos cônjuges.
Bento 16 abordou o assunto da procriação durante uma audiência no Vaticano com participantes da 18ª Assembleia Geral da Academia Pontifícia para a Vida, realizado de quinta-feira até este sábado sob o lema "Diagnoses e tratamento da infertilidade".
"A união do homem e da mulher nessa comunidade de amor e de vida que é o casamento constitui o único 'lugar' digno para a chamada à existência de um novo ser humano, que sempre é um presente", acrescentou.
Bento 16 louvou o trabalho dos cientistas que mantêm "acordado seu espírito de busca da verdade, ao serviço do autêntico bem do homem", evitando o "cientificismo e a lógica do lucro" que, segundo o papa, parece dominar hoje o campo da infertilidade e da procriação humana, "chegando a limitar inclusive muitas outras áreas de pesquisa".
"A dignidade humana e cristã da procriação não consiste em um produto, mas em seu vínculo com o ato conjugal, expressão do amor dos cônjuges, de sua união não só biológica, mas também espiritual", disse o pontífice.
"As legítimas aspirações de paternidade do casal que se encontra em uma condição de infertilidade têm, portanto, de encontrar, com ajuda da ciência, uma resposta que respeite plenamente sua dignidade de pessoas e esposos", destacou Bento 16.