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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Descoberto fungo amazônico que degrada plástico mesmo sem oxigênio!

Pesquisadores americanos descobriram um fungo na Amazônia equatoriana capaz de degradar poliuretano, um tipo de polímero muito usado para a confecção de espumas, adesivos e tintas. O trabalho, publicado na Applied and Environmental Microbiology, pode levar a estratégias inovadoras para reduzir o impacto ambiental dos plásticos.

Ambientalistas argumentam que os plásticos demoram muito para se decompor na natureza. O polietileno, por exemplo, leva cerca de 50 anos. O PET, usado na produção de garrafas plásticas, permanece até 200 anos no ambiente. Cientistas explicam que fungos e bactérias ainda não desenvolveram o arsenal de enzimas necessário para degradar as longas cadeias sintéticas de carbono, hidrogênio e outros elementos que constituem os plásticos.

Daí a necessidade de pesquisas e ações para remediar o problema. Um acordo, ainda em fase de implementação, do governo paulista e da Associação Paulista de Supermercados (Apas), pretende banir a distribuição de sacolas plásticas nos supermercados do Estado, um gesto para evitar que 2,4 milhões de unidades - cada uma leva, no mínimo, 40 anos para se decompor - sejam lançadas no ambiente todos os meses.

A descoberta de organismos que já são aptos para degradar o plástico nos aterros ajudaria a encurtar os tempos de decomposição e a diminuir consideravelmente o dano ambiental.
Duas cepas de Pestalotiopsis microspora, descobertas pelos americanos - em sua maioria, estudantes de graduação da Universidade Yale -, mostraram um enorme potencial na degradação de poliuretano. O estudante Jonathan Russell identificou a enzima secretada pelo fungo responsável pelo enfraquecimento das ligações químicas do polímero.
Oxigênio. A pesquisa trouxe consigo uma descoberta inusitada: a enzima funciona tanto na presença como na ausência de oxigênio, algo inesperado para os cientistas. Desta forma, o fungo poderia funcionar também nos aterros sanitários, onde uma grossa camada de dejetos e terra costuma cobrir os plásticos descartados, diminuindo a oxigenação e, desta forma, dificultando sua decomposição.

A pesquisadora Sandra Mara Franchetti, da Unesp de Rio Claro, também realiza testes com fungos de diferentes espécies para comparar seu potencial para biodegradar plástico.

Ela realiza misturas de diferentes tipos de plásticos - as chamadas blendas poliméricas -, especialmente de plásticos sintéticos com plásticos biodegradáveis. “Depois, fazemos testes para verificar as propriedades mecânicas do material e seu potencial de biodegradação”, explica Sandra. “Nossa hipótese é que o polímero biodegradável pode servir como porta de entrada para os organismos que realizarão a decomposição.”

“Há poucos pesquisadores no País atuando nesta área pois são necessários equipamentos muito sofisticados”, aponta Lucia Durrant, da Unicamp, que também já realizou estudos na área.

Derval Rosa, da Universidade Federal do ABC, também estuda a biodegradação de polímeros e tenta descobrir como ela ocorre nos aterros sanitários e em cada um dos diferentes tipos de plástico. Mas adota uma postura realista. “Nossos aterros são precários”, afirma. “Talvez em 20 anos conseguiremos o nível de controle necessário para aplicar esse tipo de conhecimento.”

Nossa falta de educação ao usar o celular. Brincadeira da Roleta Russa...quem antende primeiro e paga a conta? Estamos cercados por pessoas falando sozinhas

Nossa falta de educação ao usar o celular

  • 19 de fevereiro de 2012|
  • 20h01|
  • Por Alexandre Matias
Estamos cercados por pessoas falando sozinhas

Uma amiga minha me contou que dois amigos dela chegaram com uma novidade do exterior. Um vinha da Califórnia; o outro, da Europa. E os dois lhe explicaram uma espécie de brincadeira que aos poucos estava tornando-se popular longe do Brasil. Ela apelidou de “roleta russa da conta”, que funciona assim: ao encontrar-se com amigos em um bar ou restaurante, todos fecham um trato que começa ao deixar o telefone celular exposto à mesa. Todos numa mesma pilha, num canto específico, eles não precisam nem estar desligados. Mas é melhor desligar. Porque aquele que atender o telefone no meio do encontro assume a conta da noite. É um teste para os nervos, ainda mais quando o celular é deixado ligado. Ele pode tocar. O problema não é esse. É resistir à chamada. Atendeu, pagou.
Nem faz muito tempo que o celular entrou em nossas vidas – um pouco menos que o Google, um pouco mais que o Facebook –, mas ele se tornou um acessório tão onipresente, que as pessoas perderam até a noção da própria presença quando começam a falar no telefone.
A tal “roleta russa” é uma brincadeira, mas revela que o uso do celular em ambientes sociais já está sendo visto como um problema até mesmo para quem não consegue deixar o aparelho de lado. Há um quê de vício, mas o hábito está mais próximo da ansiedade do que propriamente de uma adição.
Um dos motivos que me fez parar de frequentar boteco – um deles, não o único – é aquela mesa lotada com várias pessoas falando com outras que não estão ali. Você já deve ter visto tal cena: quatro pessoas ao redor de uma mesa, as quatro no celular, em conversas que poderiam muito bem ficar para depois daquele encontro.
Mas a frequência em bares e restaurantes é só um dos muitos aspectos da nossa má educação no uso do telefone móvel. Há inúmeros outros exemplos. Como andar na rua sem olhar para frente, checando SMS ou acessando a internet. Ou conversar com alguém olhando sempre para baixo, para ver se alguém está ligando ou mandando mensagem. Ou falar ao telefone no carro, usando apenas uma das mãos para dirigir. Ou usar o celular no cinema! Isso sem contar o pior de todos os pecados celulares: ouvir música sem fones de ouvido, discotecando sua trilha sonora para quem estiver por perto – e nunca, NUNCA, alguém que escuta música assim ouve algo que presta.
Quando o telefone ainda era fixo, o hábito de usá-lo era quase um sacramento. Havia um canto da casa dedicado ao aparelho – havia até móveis feitos para apoiar o telefone e ficar sentado ao mesmo tempo. Se uma ligação fosse interurbana ou fosse demorar mais tempo, era melhor fazer à noite, pois as taxas eram mais baixas. Ligar para alguém era uma atividade que requeria preparo e tempo. Era bem pouco comum ligar para alguém só para dizer que estava saindo de casa ou apenas para perguntar um ingrediente de uma receita, como fazemos hoje (isso sem contar que era preciso discar o número, em vez de simplesmente pressionar botões ou achar o nome da pessoa numa lista de contatos).
Veio o celular e estes hábitos mudaram completamente, com a exceção do fato de que ainda transformamos a ligação em um momento individual. E é aí que começa nossa falta de educação ao telefone. Basta reconhecer quem está ligando para ser teletransportado para uma esfera íntima que é habitada por apenas duas vozes.
E aí não importa se você está na rua, no ônibus, na sala de aula, no bar… As pessoas começam a conversar sem pensar nas outras que estão ao redor, conhecidas ou não. Assim, acompanhamos conversas alheias sem querer e, em poucos minutos, estamos cercados por pessoas falando sozinhas, sem parar.
A tal “roleta russa da conta” é o início de reação a tal hábito. Não deverá ser o único. Não duvido que, em pouco tempo, aparecerão restaurantes finos que pedem que os clientes deixem o celular à porta como restaurantes japoneses pedem para que se deixe os sapatos ao entrar. O problema é menos falta de educação e mais falta de noção. Vamos torcer para aprendermos a superar isso.